sábado, 14 de fevereiro de 2009

Gasto com cartão corporativo cresce em janeiro

O Globo - 13 de fevereiro de 2009

Presidência da República tem maior despesa entre os órgãos do governo, R$ 2,2 milhões

BRASÍLIA. Os gastos do governo federal com o cartão corporativo em janeiro deste ano foram 27% maiores do que o registrado em janeiro de 2008, quando estourou o escândalo de abusos na utilização deste instrumento para pagamento de despesas do setor público. Segundo levantamento do site Contas Abertas, R$ 8 milhões foram pagos por meio dos cartões no primeiro mês de 2009, quase R$ 2 milhões a mais do que os R$ 6,3 milhões do ano passado.

Houve redução dos gastos com cartão ao longo de 2008, após o escândalo que resultou na demissão da ex-ministra de Igualdade Racial Matilde Ribeiro, que usou o cartão para fazer compras num free shop (em aeroporto internacional). Comparando com 2007, a redução foi de mais de R$ 20 milhões.

Dados do Portal da Transparência mostram que a Presidência lidera os desembolsos, com R$ 2,2 milhões pagos em janeiro, dos quais 94% não podem ser discriminados por serem “informações protegidas por sigilo, para garantia da segurança da sociedade e do Estado”. Esse tipo de gasto, porém, já foi maior: no primeiro trimestre de 2008 totalizou 96%.

O Ministério da Justiça também aumentou as despesas com o cartão — 12 vezes, segundo o Contas Abertas. Em janeiro de 2008, gastou R$ 146,6 mil nessa modalidade. Cerca de 99% de tudo que foi gasto pelo ministério foi direcionado ao aparelhamento e operacionalização da Polícia Federal. Os gastos são sigilosos.

A assessoria do ministério esclareceu que as despesas referem-se a ampliação de ações contra o crime organizado.
O Contas Abertas verificou, ainda, que Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, gastou R$ 274,6 mil em janeiro, ou 20% de toda a despesa de 2008 inteiro. E aumentou em 39% o número de saques. A assessoria do órgão afirmou que os servidores viajam a locais de difícil acesso, sem caixa eletrônico, e que muitas despesas não têm como ser pagas por meio de cartão.

O ministério que menos gastou foi o do Turismo. Não há registro de despesas da pasta com cartão corporativo.