Soraya Aggege
SÃO PAULO
(O Globo, 20 de setembro de 2008)
Dois dirigentes da organização internacional Human Rights Watch, expulsos da Venezuela na madrugada de ontem, horas depois de divulgarem um relatório crítico sobre os direitos humanos no país, afirmaram em São Paulo — para onde foram embarcados às pressas — que a medida só reforçou o relatório e amplificou a preocupação mundial com a “absoluta intolerância” de seu governo.
A expulsão foi parcialmente televisionada na Venezuela, com a Chancelaria afirmando que expulsará qualquer estrangeiro que emita opiniões “contra a pátria”.
Num comício, o presidente Hugo Chávez disse ter ordenado pessoalmente a expulsão:
— Ontem (anteontem) chegou à Venezuela um destes personagens que andam fazendo o trabalho sujo dos ianques e começou a dar declarações. Então, chamei o chanceler e disse: expulse-o daqui! — contou Chávez.
Em São Paulo, o diretor para as Américas da HRW, o advogado chileno José Miguel Vivanco, contou ter sido a primeira vez que o grupo — uma organização independente com sede em Nova York e representação em mais de 70 países — foi expulso de uma nação da América Latina.
— Já tivemos diálogos ásperos, mas nunca sofremos expulsões.
Ele qualificou de “muito grave” a expulsão, porque acaba enviando uma mensagem que pode intimidar aqueles que se dedicam a promover e defender os direitos humanos na Venezuela: — Nossa expulsão só demonstra que o governo de Hugo Chávez mantém um regime de absoluta intolerância com qualquer tipo de crítica.
Vivanco e o subdiretor da entidade, o americano Daniel Wilkinson, contaram ao GLOBO que foram destratados pelos policiais, e não puderam usar o telefone para avisar qualquer pessoa. Segundo Wilkinson, quando o embaixador de seu país, Patrick Duddy, foi expulso de Caracas na semana passada, ele preferiu não se envolver, assim como sua organização.
— Também tenho críticas ao governo dos EUA com relação aos direitos humanos, principalmente por sua ação em Guantánamo. O problema é que o governo Chávez pinta a todos como “mercenários do Império”. É a forma que encontrou para driblar as críticas — disse.
Chávez acusou o governo americano de estar trás de um complô para derrubá-lo e assassinálo, e afirmou que a visita dos representantes da HRW à Venezuela faz parte do plano.
— O presidente dos Estados Unidos (George W. Bush) está desesperado porque sabe que tem os dias contados e trata de fazer qualquer coisa para incendiar não apenas a Venezuela, mas todo o continente.
Mais cedo, a Chancelaria dissera que Vivanco violara a lei ao entrar no país com visto de turista para realizar trabalho de direitos humanos. A presidente da Assembléia Nacional, a chavista Cilia Flores, mostrou-se orgulhosa pela ação do governo, alegando que servirá de exemplo. O Chile lamentou a expulsão de Vivanco e considerou a reação venezuelana desproporcional. Já Washington disse que “a expulsão do líder de uma instituição internacional independente é repreensível”. A Sociedade Interamericana de Imprensa repudiou a medida, dizendo que era “mais um atentado à liberdade de expressão” no país.
Com agências internacionais
SÃO PAULO
(O Globo, 20 de setembro de 2008)
Dois dirigentes da organização internacional Human Rights Watch, expulsos da Venezuela na madrugada de ontem, horas depois de divulgarem um relatório crítico sobre os direitos humanos no país, afirmaram em São Paulo — para onde foram embarcados às pressas — que a medida só reforçou o relatório e amplificou a preocupação mundial com a “absoluta intolerância” de seu governo.
A expulsão foi parcialmente televisionada na Venezuela, com a Chancelaria afirmando que expulsará qualquer estrangeiro que emita opiniões “contra a pátria”.
Num comício, o presidente Hugo Chávez disse ter ordenado pessoalmente a expulsão:
— Ontem (anteontem) chegou à Venezuela um destes personagens que andam fazendo o trabalho sujo dos ianques e começou a dar declarações. Então, chamei o chanceler e disse: expulse-o daqui! — contou Chávez.
Em São Paulo, o diretor para as Américas da HRW, o advogado chileno José Miguel Vivanco, contou ter sido a primeira vez que o grupo — uma organização independente com sede em Nova York e representação em mais de 70 países — foi expulso de uma nação da América Latina.
— Já tivemos diálogos ásperos, mas nunca sofremos expulsões.
Ele qualificou de “muito grave” a expulsão, porque acaba enviando uma mensagem que pode intimidar aqueles que se dedicam a promover e defender os direitos humanos na Venezuela: — Nossa expulsão só demonstra que o governo de Hugo Chávez mantém um regime de absoluta intolerância com qualquer tipo de crítica.
Vivanco e o subdiretor da entidade, o americano Daniel Wilkinson, contaram ao GLOBO que foram destratados pelos policiais, e não puderam usar o telefone para avisar qualquer pessoa. Segundo Wilkinson, quando o embaixador de seu país, Patrick Duddy, foi expulso de Caracas na semana passada, ele preferiu não se envolver, assim como sua organização.
— Também tenho críticas ao governo dos EUA com relação aos direitos humanos, principalmente por sua ação em Guantánamo. O problema é que o governo Chávez pinta a todos como “mercenários do Império”. É a forma que encontrou para driblar as críticas — disse.
Chávez acusou o governo americano de estar trás de um complô para derrubá-lo e assassinálo, e afirmou que a visita dos representantes da HRW à Venezuela faz parte do plano.
— O presidente dos Estados Unidos (George W. Bush) está desesperado porque sabe que tem os dias contados e trata de fazer qualquer coisa para incendiar não apenas a Venezuela, mas todo o continente.
Mais cedo, a Chancelaria dissera que Vivanco violara a lei ao entrar no país com visto de turista para realizar trabalho de direitos humanos. A presidente da Assembléia Nacional, a chavista Cilia Flores, mostrou-se orgulhosa pela ação do governo, alegando que servirá de exemplo. O Chile lamentou a expulsão de Vivanco e considerou a reação venezuelana desproporcional. Já Washington disse que “a expulsão do líder de uma instituição internacional independente é repreensível”. A Sociedade Interamericana de Imprensa repudiou a medida, dizendo que era “mais um atentado à liberdade de expressão” no país.
Com agências internacionais
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