sábado, 1 de novembro de 2008

Dilma: não haverá dinheiro para PAC da Penha

Diferentemente do que anunciaram Paes e Cabral, ministra diz que obra não está prevista e não tem orçamento
Chico de Gois - O Globo - 1/11/2008


BRASÍLIA. Pelo menos um dos projetos em parceria com o governo federal que o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e o prefeito eleito, Eduardo Paes (PMDB), anunciaram após a visita ao Palácio do Planalto, quartafeira, não terá dinheiro para ser executado. Trata-se da expansão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Favelas para a Penha, uma obra estimada em R$ 500 milhões. Naquele dia, Paes saiu de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, anunciando o repasse de verbas federais para o complexo da Penha, a construção da Linha 4 do metrô (Zona Sul-Barra) e a extensão da Vila Light da Baixada a Madureira. Mas, ontem, Dilma, a mãe do PAC, soterrou o plano de Paes. A ministra disse que todo dinheiro que tinha para as obras do PAC já foi disponibilizado pelo governo, ou seja, não há recursos para incluir novas obras.

Tratando Cabral como “meu querido governador”, explicou:

— Nós não temos (os R$ 500 milhões). Para uma obra entrar no PAC, outra tem de sair. Não estamos ampliando os recursos do PAC. Não houve conclusão sobre essa questão porque não tem espaço — afirmou Dilma durante o programa de rádio “Bom Dia Ministro”.

Apesar do carinho dispensado pela ministra ao governador, no encontro de quarta-feira, ela deixou claro que os aliados não terão prioridade:

— Não podemos tirar de algum estado e passar para o Rio. A não ser que alguma obra do Rio não saia e passamos para o PAC (da Penha).

Depois da reunião com Lula e Dilma, Paes e Cabral usaram pelo menos três expressões para mostrar como o presidente reagira à proposta: emocionado, encantado e sensível.

— Apresentamos uma idéia do projeto (PAC da Penha) para o presidente. Mais uma vez o presidente se emocionou com o projeto. Ele conhece bem o que está sendo feito no Alemão, na Rocinha e em Manguinhos — disse Paes.

— O prefeito expôs ao presidente, e o presidente ficou encantado, com a possibilidade de uma intervenção da ordem de quase R$ 500 milhões no Complexo da Penha. O presidente ficou muito sensível — disse o governador.

Sobre a proposta de restauração da zona portuária, outra pretensão do prefeito eleito, Dilma disse que o governo cederá na questão dos terrenos da União e confirmou que ela se comprometeu a visitar o porto:

— Essa sugestão nós aceitamos. Vamos entrar na discussão. Eu me comprometi a fazer uma visita ao porto para ver como está a área e fazer o levantamento para que possamos colocar essa discussão na pauta.

Dilma falou ainda sobre as eleições. Disse que a base do governo obteve importante vitória e que, para governar um país grande como o Brasil, é preciso ter articulação política sólida, como a aliança de partidos que apóiam o governo.

— O fundamental é perceber que um país complexo como o Brasil não pode ter só uma visão do exercício do poder

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