Guilherme Fiúza - 8 de setembro de 2008
O petróleo da camada pré-sal virou uma espécie de 13º salário do Brasil. Ou talvez uma gorjeta generosa. O país está debatendo onde gastar esse “a mais”.
Na educação! – gritam alguns. Vamos dobrar a rede de hospitais, clamam outros. Ainda não apareceu alguém propondo substituir os ônibus por helicópteros. Mas vai aparecer.
O frenesi pré-sal está parecendo prêmio de loteria acumulado: “O que você faria com tanto dinheiro?”
Assim é o Brasil. Tem esse complexo de rico. A coisa melhora um pouquinho e já aparecem idéias geniais como o tal fundo soberano, para aproveitar o dinheiro “que está sobrando” do superávit primário. Deve ser difícil administrar tanta fartura.
Lula foi à TV no Sete de Setembro para fazer seu populismo pré-sal. Relacionou o petróleo com o fim da pobreza. É o Brasil enamorado do chavismo. A idéia da nova estatal submarina é o primeiro passo para a nova caixinha petista.
O presidente também foi didático. Alertou que o Brasil não deve “gastar com bobagens” seu prêmio de loteria petrolífera. Só faltou dizer aos brasileiros: “Não vão gastar tudo em cachaça, hein?”
É um país otimista. Está comprando um fusquinha a prestação e já discute a contratação de um chofer.
Talvez descubra um dia o ridículo de tratar as receitas futuras com o petróleo da camada pré-sal como um dinheiro “a mais”, numa economia com taxas de poupança e investimento pífias. Num país com um orçamento delirante, onde o Estado gasta muito e mal, criar carimbos petrolíferos para educação, saúde, pobreza ou o que for é quase um escárnio. A institucionalização do ralo.
O filme é conhecido. Diante da promessa de uma receita graúda e limpa, surgem antes de mais nada os candidatos a donos do dinheiro. Sempre em nome das melhores causas.
Talvez fosse melhor garantir pinga farta para todos.
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