quinta-feira, 14 de maio de 2009

Nova investida contra rádios e TVs

Governo anuncia inspeções em emissoras após ameaça de fechar a Globovisión

BUENOS AIRES. Dois dias depois de o presidente venezuelano, Hugo Chávez, ter criticado duramente donos de importantes meios de comunicação do país, o governo informou que iniciará um processo de inspeções a rádios e canais de TV locais.

A medida, que será executada pela Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel), foi publicada ontem na “Gaceta Oficial” (o diário oficial venezuelano). De acordo com a resolução, um grupo de funcionários da Conatel “verificará a instalação, operação e prestação de serviços” e solicitará às empresas “as informações que considerar necessárias”. Poderá, ainda, solicitar “o auxílio de qualquer força pública” para realizar os procedimentos.

Domingo passado, o presidente antecipou aos donos de meios de comunicação privados que eles poderiam ter “uma surpresinha a qualquer momento”.

- Não se enganem, estão brincando com fogo — declarou Chávez, que atacou especialmente o dono da Globovisión, Alberto Ravell, um dos principais canais de notícias do país.
Atualmente, a Globovisión enfrenta três processos na Conatel por diferentes acusações feitas pelo governo. A última delas foi por ter informado sobre um terremoto em Caracas, antes de as autoridades chavistas terem se pronunciado sobre o assunto. A denúncia foi considerada ridícula por Ravell, um dos empresários de comunicações mais odiados pelo presidente.

— Esta é a primeira vez que um presidente ordena punir um meio de comunicação por informar primeiro. Falei (sobre o terremoto) porque sou jornalista, porque era meu dever e porque se tratava de uma informação precisa e veraz — alegou o dono do canal.

A Globovisión nunca escondeu seu perfil opositor e nas diversas campanhas eleitorais venezuelanas manifestou publicamente seu repúdio ao governo chavista.

Segundo o governo, o canal foi cúmplice do golpe de Estado de abril de 2002, já que durante as 48 horas em que Chávez esteve preso transmitiu programas de culinária e desenhos animados.

Segundo Ravell, a Globovisión “é uma pedrinha no sapato de Chávez, porque é o único canal que diz verdades”:

— Mas não somos um partido político, nossa missão é informar.

Domingo passado, o presidente afirmou que Ravell é “um louco com esse canhão que vai acabar”, ou ele deixaria de se chamar Hugo Rafael Chávez Frias. As ameaças do presidente foram levadas a sério pelo canal de TV e pela maioria dos jornalistas venezuelanos, que considera muito provável a adoção de alguma medida para silenciar definitivamente a Globovisión, como ocorreu com a Rádio Caracas Televisión (RCTV). (Janaína Figueiredo)

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